O Sistema de Travessias Litorâneas do Estado de São Paulo é fundamental para a mobilidade de milhares de pessoas diariamente. Entretanto, apesar de a SEMIL (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística), vinculada ao DH (Departamento Hidroviário), que administra toda a operação, divulgar frequentemente informações sobre investimentos na modernização das balsas, os serviços prestados não têm agradado aos usuários, que relataram ao LEIA diversas insatisfações.
De acordo com dados da SEMIL, atualmente a frota total conta com 34 embarcações, entre lanchas e balsas, que atendem um volume diário de 20 mil pedestres, 11 mil ciclistas e 26 mil veículos nas oito travessias. São elas: Santos/Guarujá, Bertioga/Guarujá, São Sebastião/Ilhabela, Iguape/Juréia, Cananéia/Ilha Comprida, Cananéia/Continente, Santos/Vicente de Carvalho e Cananéia/Ariri. Embora a secretaria afirme sua preocupação em beneficiar os usuários com agilidade, segurança e conforto durante o trajeto, a realidade parece estar bem distante disso.
O principal problema relatado pelos usuários é a falta de formas de pagamento mais práticas e funcionais. Atualmente, quem precisa fazer a travessia só pode pagar em espécie ou via tag “Sem Parar”. Segundo Dionísio Machado Miranda, 51 anos, empreiteiro de obras e frequentador do serviço, este é o principal fator que ocasiona grandes filas e extrema desordem no embarque. “É ruim. Se você esquecer dinheiro e não tiver a tag, tem que sair da fila e ir sacar dinheiro. Já aconteceu muitas vezes. Poderiam aceitar débito, isso facilitaria muito. ”
A estrutura das embarcações também é alvo de críticas. Isabela de Carvalho, 28 anos, social media, faz a travessia diariamente e afirma que muitas delas estão “caindo aos pedaços”. Ela também destaca a ausência de banheiros e cadeiras suficientes para os pedestres, o que contribui para um grande desconforto durante todo o percurso.
O preço cobrado para a travessia também causa desconforto aos passageiros e prejudica a economia local. Samuel Rangel, 47 anos, motorista, utiliza o serviço duas vezes por semana para levar água até Ilhabela. Ele explica que o valor cobrado é muito alto e precisa estar incluso no frete, o que pode impactar na precificação do produto e, consequentemente, no valor de compra na ilha.
Outra reclamação comum refere-se ao horário de saída das balsas, que não é cumprido conforme informado à população. Todos os entrevistados afirmaram que precisam esperar muito tempo para realizar a travessia. Em alguns casos, o tempo de espera chegou a oito horas, sem nenhuma explicação por parte da administradora.
A equipe de reportagem do LEIA questionou a SEMIL sobre todos os assuntos abordados neste texto. Uma entrevista com Jamille Consulin, diretora do Departamento Hidroviário, será realizada para o esclarecimento dos fatos e publicada em nossa próxima edição.